A liberdade dos bancos

Não só de bancos caros e fechados vive o mundo do armazenamento de dados. Há opções abertas, livres e menos custosas que podem suprir com perfeição as necessidades dos usuários. Conheça aqui algumas deles.

Olá amigos,
É com grande prazer que recebi (e aceitei de bate-pronto) o convite para fazer parte do quadro de colaboradores deste site. Tal fato me honra muito pois estar juntos dos leões que aqui estão, ou também sou leão ou… sou janta 🙂

Venho trabalhando com Internet desde sua chegada no Brasil pelos cabos da Embratel em 1995 mas antes disso já passava horas diante de monitores monocromáticos participando de chats em BBS’s. Assim, a rede é para mim ambiente bem conhecido em suas esquinas, becos e avenidas. Nesta época começavam a portar algumas linguagens de programação para a web tentando dinamizar um pouco a invenção do CERN (o browser) e logo após, aparecem os primeiros usos de bases de dados neste ambiente, proporcionando a capacidade de armazenamento “organizada” e consequentemente ampliando em muito o que a web poderia fornecer aos seus usuários. E sobre este ambiente dinâmico e seus bancos de dados é que vamos aqui falar.

Esta introdução é a tônica do que pretendo aqui abordar a cada 15 dias: a utilização de bases de dados na Internet incluíndo alguns pedaços de programação com algumas pitadas de dicas e macetes e um pouco de bom-humor para que fique tudo “azeitado”. MySQL, PostgreSQL, Firebird e outros bancos de dados livres estarão sempre presentes pois com eles tenho uma relação muito intensa que me permite falar bem (ou mal) deles.

Atualmente meu trabalho é voltado ao desenvolvimento de soluções para web baseadas principalmente em ferramentas CMS (Content Management System – Sistema de Gestão de Conteúdo) e a integração de bases de dados dentro destas aplicações. Muito desenvolvimento, muito quebra-cabeça e muito suor (literalmente pois João Pessoa é quente!!!) fazem do dia-a-dia algo extremamente gratificante tanto no aprendizado quanto nas oportunidades. E este aprendizado é que pretendo passar aqui para vocês. Peço desculpas pela grande introdução deste artigo; prometo que será somente neste, afinal o site não é revista de trivialidades, certo!? Então, ao artigo desta quinzena.

Bancos livres
Quando o assunto “banco de dados” vem à tona em rodas de profissionais de informática, os nomes mais lembrados são na sua grande maioria, aqueles ditos “comerciais”: Oracle, SQL Server e DB2. Mas o mundo do armazenamendo de informações não se limita a isso. Além deles, existem os chamados “bancos de dados livres” ou seja, bancos de dados cujo o licenciamento e uso não obriga a aquisição por meio de pagamento de licenças, sejam por servidor, por usuários ou por processador.

Isto quer dizer que são de baixa qualidade ou ainda sofríveis em suas capacidades de trabalho? Definitivamente não! Estas bases de dados há muito mostraram que são capazes de enfrentar seus concorrentes proprietários e custosos de igual para igual em vários segmentos e ambientes, tornando-se uma alternativa viável para dezenas de corporações ao redor do mundo. Além disso, a cada dia estes sistemas estão mais maduros, trazendo para o profissional ou empresa, mais segurança, confiabilidade, estabilidade e principalmente, redução no custo de licenciamento.

Quer conhecer um pouco deste mundo livre? Vamos conhecer então os dois maiores expoentes hoje existentes no mercado mundial de SGBD’s.

PostgreSQL
Com mais de 15 anos de desenvolvimento, o PostgreSQL é um projeto de código aberto extremamente confiável e cheio de recursos que podem agradar até mesmo os mais fanáticos por ferramentas visuais de administração e também aqueles desconfiados ao extremo quando a questão é segurança. Nascido de um projeto dentro da Universidade de Berkeley e financiado por várias instituições de inteligência norte-americanas e por algumas empresas, ele é hoje considerado o grande sucessor de vários bancos de dados proprietários devido suas características e recursos, dentre os quais triggers, integridade referencial, schemas, stored procedures que podem ser desenvolvidas em várias linguagens diferentes, controle de concorrência multi-versão, sub-selects, suporte nativo à SSL e outras.

Além destes recursos, algo que faz o PostgreSQL ser um SGBD com futuro garantido é a ampla diversificação de plataformas de sistemas operacionais suportadas (atualmente 34) e a grande disponibilidade de interfaces gráficas para administração de dados e do próprio banco. No quesito suporte, existem diversas empresas (inclusive no Brasil) especialistas no assunto com pilares rígidos sobre um processo de certificação de profissionais especialistas, além de uma grande comunidade de desenvolvedores, usuários e colaboradores ao redor do mundo prontos para auxiliá-lo em qualquer dúvida.

MySQL
Nascido em 1995 pelas mãos de dois suecos e um finlandês, o banco de dados MySQL é hoje reconhecido mundialmente como o mais popular banco de dados open source do mercado. Simples de operar, instalar e com dezenas de recursos, este SGBD possui mais de 8 milhões de sistemas instalados em companhias de todos os tamanhos e segmentos ao redor do planeta, provando que suas características principais de baixíssimo custo, segurança e eficiência não são somente conversa de departamento de marketing ou fact sheets.

Disponível em duas versões principais (servidor e cluster) para dezenas de plataformas de hardware e sistema operacional, o MySQL conta com um robusto suporte à transações conhecido como ACID (atomic, consistent, isolated, durable) com capacidade de transações distribuídas, níveis isolados e lock de linhas ilimitados. Além disso é reconhecidamente o mais fácil e amigável SGBD para uso na Internet, proporcionando total integridade de dados, fácil manutenção e um conjunto imenso de ferramentas, funções e API’s para acesso à dados.

Como o PostgreSQL, o MySQL conta com um programa de certificação de profissionais, capacitando-os a prestar serviços de implantação, suporte e manutenção para quaisquer tipo de instalações, além de total apoio da comunidade fortemente atrelada ao produto.

Conclusão
Fortes, estáveis, seguros, eficientes, com anos de janela e principalmente, com baixo custo e livres. Esta é a tônica dos dois SGBD’s aqui apresentados e que não deixam nada a desejar para os grandes gulosos de cifras das contas de CIO’s em todo o mundo, seja na performance de resposta às necessidades crescentes do mercado, seja na facilidade de utilização e gerenciamento mediante ferramentas capazes de extrair os dados com qualidade.

Mas certamente a migração de uma base para outra não é tarefa trivial e que exige conhecimento dos cenários de uso, testes e adaptações. Porém, exemplos nacionais de sucesso podem ser vistos por exemplo no Metrô de São Paulo e também no Detran do Paraná, grandes consumidores de espaço em disco para armazenamento de informações. Se ainda não satisfeito, companhias como Apple, Fujitsu, Cisco, Dow Jones, Suzuki, Siemens, também utilizam e não pensam em voltar atrás. Então….

Links relacionados:
MySQL – http://www.mysql.com
PostgreSQL – http://www.postgresql.org

Artigo originalmente postado no portal SQL Magazine em 26/04/06