Speedy faz mal para empregos

A história do Speedy, serviço de banda larga da Telefonica em São Paulo é digna das comédias gregas. De um lado, milhares de consumidores lesados pelos maus serviços prestados; de outro, um ministro global que ainda acredita estar fazendo reportagens para o jornal dominical e de outro, um poderoso conglomerado de comunicação que usa todos os meios possíveis para continuar suas abusivas práticas sobre os mais fracos (leia-se “nós”).

Como a pressão sobre o governo para encerrar o “castigo” de ficarem sem comercializar seu serviço de banda larga (que de largo só tem o preço), a companhia espanhola apelou esta semana para algo preocupante aos mandatários no Planalto: a popularidade do presidente Lula. Não satisfeita com as proibições impostas pela Anatel, a companhia iniciou uma campanha afirmando que caso o embargo continue, é possível que um grande número de funcionários das empresas revendedoras de seus serviços sejam demitidos por falta do que fazer. Num cenário de pré-eleição presidencial, a remota possibilidade de algo assim acontecer mobiliza dezenas de batedores governamentais para que o assunto seja resolvido o quanto antes; popularidade de presidente é algo que não se mexe quando está bem, seja pelo motivo que for.

E como a grande maioria dos casos brasileiros, este será mais um daqueles onde o consumidor fica sentado no banco da praça vendo os que possuem mais força se lambuzando com o bolo. Que o Speedy é serviço parco todo mundo já sabia; que o governo é fraco para corrigir o rumo do que está errado também é sabido, mas que vale até chantagem baixa de empresa privada neste jogo, esta é nova.

Enquanto isso, até mesmo paisecos como Letônia, Lituânia e Eslovênia possuem serviços melhores que o nosso. “Ó mundo cruel!”